- Um novo estudo relaciona alimentos ultraprocessados aos primeiros sintomas de Parkinson, com alto consumo aumentando o risco em 2,5 vezes em comparação à baixa ingestão.
- Mesmo o consumo mínimo de alimentos ultraprocessados (três porções ou menos) aumenta o risco de Parkinson em até 60%, sendo os doces embalados os mais prejudiciais.
- Alimentos ultraprocessados contêm aditivos que podem desencadear inflamação cerebral, danificando neurônios produtores de dopamina, essenciais para o movimento e a função cognitiva.
- Os casos de Parkinson estão aumentando no mundo todo, com sintomas precoces como distúrbios do sono e depressão aparecendo anos antes do diagnóstico, o que torna a dieta um fator preventivo fundamental.
- Especialistas recomendam uma dieta de estilo mediterrâneo, rica em alimentos integrais, para reduzir o risco de Parkinson, já que alimentos ultraprocessados carecem de nutrientes essenciais e promovem o declínio cerebral.
Um estudo inovador revelou uma conexão perturbadora entre alimentos ultraprocessados e os primeiros sinais da doença de Parkinson, levantando preocupações urgentes sobre os efeitos a longo prazo das dietas modernas na saúde do cérebro.
Pesquisadores da China e dos EUA descobriram que pessoas que consumiam 11 ou mais porções de alimentos ultraprocessados diariamente tinham 2,5 vezes mais risco de desenvolver sintomas precoces de Parkinson, como distúrbios do sono, constipação e perda do olfato, em comparação com aquelas que consumiam três ou menos porções. Mesmo o consumo mínimo (três porções ou menos) aumentava o risco em até 60%, dependendo do tipo de alimento.
As descobertas, publicadas na Neurology, somam-se às crescentes evidências de que a dieta desempenha um papel crítico nas doenças neurodegenerativas.
Os perigos ocultos nos alimentos do dia a dia
Alimentos ultraprocessados, desde refrigerantes e cachorros-quentes até salgadinhos e condimentos industrializados, são carregados de aditivos artificiais como emulsificantes, adoçantes e conservantes. Esses ingredientes podem desencadear inflamação e estresse oxidativo, danificando os neurônios produtores de dopamina no cérebro, essenciais para a regulação do movimento. Uma porção no estudo foi surpreendentemente pequena: uma única lata de refrigerante, uma colher de sopa de ketchup ou uma fatia de bolo industrializado. Mesmo alimentos comercializados como “saudáveis”, como frios e iogurtes saborizados, frequentemente se enquadram na categoria de ultraprocessados.
O Dr. Xiang Gao, autor sênior do estudo e especialista em nutrição da Universidade Fudan, alertou: “Comer em excesso alimentos processados, como refrigerantes açucarados e salgadinhos de pacote, pode estar acelerando os primeiros sinais da doença de Parkinson”. O estudo analisou dados de 42.853 participantes ao longo de 26 anos, monitorando hábitos alimentares e indicadores precoces da doença de Parkinson. Embora a pesquisa não tenha confirmado uma relação causal direta, destacou uma forte associação entre dietas ultraprocessadas e declínio neurológico.
Por que o risco de Parkinson está aumentando
A doença de Parkinson, que afeta 90.000 americanos anualmente, é o distúrbio neurológico que mais cresce no mundo, com previsão de triplicar os casos até 2050. A doença decorre da morte de neurônios produtores de dopamina, levando a tremores, rigidez e declínio cognitivo. Os primeiros sintomas, como depressão, sonolência diurna e dores no corpo, podem surgir décadas antes do diagnóstico, tornando medidas preventivas cruciais.
O estudo identificou doces e salgadinhos embalados como os alimentos ultraprocessados de maior risco, aumentando os sintomas iniciais em 60%, enquanto molhos e condimentos apresentaram um aumento mais brando, de 17%. Os pesquisadores suspeitam que esses alimentos desregulam o eixo intestino-cérebro, prejudicando o microbioma e alimentando a inflamação cerebral. O Dr. Gao enfatizou: “Optar por consumir menos alimentos processados e mais alimentos integrais e nutritivos pode ser uma boa estratégia para manter a saúde do cérebro.”
Alimentação limpa como defesa
Especialistas não envolvidos no estudo, como o Dr. Nikolaos Scarmeas, da Universidade de Columbia, observaram que “a prevenção de doenças neurodegenerativas pode começar à mesa”. Uma dieta mediterrânea, rica em vegetais, frutas e gorduras saudáveis, tem sido associada a um menor risco de Parkinson. Em contraste, alimentos ultraprocessados carecem de fibras, antioxidantes e nutrientes essenciais, enquanto promovem gorduras e açúcares prejudiciais.
Críticos alertam que o estudo se baseou em dados alimentares auto-relatados e não acompanhou diretamente os diagnósticos de Parkinson. No entanto, a escala e a duração da pesquisa reforçam suas descobertas.
Sem cura para o Parkinson, a prevenção por meio da dieta e do estilo de vida é fundamental. Como observou a epidemiologista nutricional Puja Agarwal: “O que você come para o seu cérebro também é bom para o seu coração e para o seu bem-estar geral”. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados em favor de opções integrais e naturais pode ser uma das maneiras mais simples de proteger a saúde cerebral a longo prazo.
Cada mordida conta. Os alimentos que comemos hoje podem determinar se nossos cérebros prosperarão ou se deteriorarão daqui a décadas.