Especialista explica que percursos com mais de 4 horas de duração, sobretudo em aviões, é um dos fatores de risco para o problema.
Trombose venosa profunda é a que mais afeta pessoas que viajam durante muitas horas.
Com a chegada do fim do ano, muitas pessoas aproveitam para tirar férias e viajar, o que pode significar muitas horas na estrada ou no avião. Mas, apesar da promessa do descanso ao fim da viagem, o período em que se passa sentado durante o percurso pode resultar no desenvolvimento de trombose.
Segundo o cirurgião vascular Márcio Steinbruch, a TVP (trombose venosa profunda) é a mais comum nesses casos e é causada por uma formação de coágulos no sistema venoso das pernas e coxas, que dificulta a passagem de sangue pelas veias.
O especialista afirma que qualquer viagem acima de quatro horas de duração pode ser fator de risco para o desenvolvimento de trombose, principalmente em aviões, pelo pouco espaço cedido aos passageiros pelas companhias aéreas.
“Na classe econômica são colocados muitos assentos, diminuindo o espaço para as pernas e obrigando os passageiros a se manterem praticamente imóveis durante a viagem. Com isso, tem ocorrido um grande número de fenômenos trombóticos durante os voos”, explica o médico.
Apesar de ser mais difícil em outros meios de transporte, Steinbruch destaca que ainda há risco para o problema.
“No ônibus e no carro, além de serem mais confortáveis, é possível parar e esticar as pernas. Esse exercício é importante para o retorno venoso e evita complicações. Já no avião, o passageiro fica estático numa cadeira apertada e sem poder se movimentar muito, por isso é mais frequente em voos longos”, explica.
Entre os fatores de risco para o problema, o cirurgião destaca ficar sentado em assentos apertados que comprimam os membros inferiores por mais de 4 horas, desidratação por baixa ingestão de líquidos, excesso de álcool e baixa umidade da cabine do avião.
O médico explica que os principais sintomas da trombose venosa profunda são dores, inchaços e calor. No entanto, algumas pessoas podem não sentir nada ou ver essas manifestações ocorrerem em questão de horas, dias ou até mesmo semanas após a viagem. Em casos mais graves, a TVP pode ocasionar problemas nos pulmões.
“A embolia pulmonar é um problema que traz alto risco de morte. Dependendo do tamanho da obstrução na circulação pulmonar, podemos ter desde uma leve falta de ar súbita até uma dispnéia grave que pode levar à morte e não dar tempo nem para o início de um tratamento médico”, explica Steinbruch.
O grupo com risco de desenvolver uma trombose venosa, segundo Steinbruch, são pessoas acima dos 40 anos de idade, obesos, pessoas com histórico de doenças venosas, grávidas, fumantes, pessoas que passaram por um cirurgia recente e quem faz uso de reposição hormonal ou pílulas anticoncepcionais.
Como evitar trombose durante a viagem
O especialista explica quais medidas podem ser tomadas para evitar a trombose:
- Caminhe durante a viagem. Isso ajuda o sangue a circular melhor e diminui o risco de trombose. Tentar levantar e andar ao menos por cinco minutos a cada hora. Caso não seja possível, tentar simular uma caminhada com movimentos nas pernas.
- Evite bebidas alcoólicas em excesso e mantenha uma ingestão líquida apropriada. A desidratação provoca constrição dos vasos sanguíneos e hemoconcentração (o sangue “engrossa”).
- Tome AAS (ácido acetilsalicílico) antes da partida. Se o fármaco não lhe faz mal, tome cerca de 250 mg (meio comprimido de adulto). Esse medicamento inibe o processo de formação de coágulos sanguíneos e é útil nesses casos.
- Use meias elásticas medicinais. O acessório melhora o fluxo sanguíneo venoso e diminui a possibilidade de trombose venosa.
- Em casos de maior risco de trombose há necessidade de injeções subcutâneas de anticoagulante.