As elites globais que governaram o mundo nas últimas décadas, trabalhando em conjunto para inaugurar uma Nova Ordem Mundial, foram derrotadas de acordo com o presidente russo Vladimir Putin.
Políticas liberais desastrosas empreendidas por líderes da UE e dos EUA estão exacerbando desigualdades e divisões em suas sociedades, não apenas em termos de bem-estar, mas em termos de valores e orientações de vários grupos, disse Putin.
“Tal desapego da realidade, das demandas da sociedade, levará inevitavelmente a uma onda de populismo e ao crescimento de movimentos radicais, a sérias mudanças sociais e econômicas, à degradação e, em um futuro próximo, a uma mudança de elites”, disse o líder russo.
A elite global foi exposta e está preparada para enfrentar a ira do povo no tipo de acerto de contas não visto desde os dias da guilhotina nas ruas da Paris do século XVII. Putin diz que o sangue azul da elite está pronto para correr nas ruas novamente.
De acordo com Putin, outra revolução está ao virar da esquina. A humanidade acordou para as elites e a vingança, quando vier, será rápida e apropriada.
Quando o Ocidente, liderado pela Nova Ordem Mundial, declarou vitória na Guerra Fria, os americanos se autodenominaram “mensageiros de Deus na terra”, com interesses que deveriam ser considerados sagrados e sem obrigações, disse Putin à plateia da SPIEF.
Desde então, novos centros de poder surgiram e têm o direito de proteger seus próprios sistemas, modelos econômicos e soberania. Esses:
“Mudanças tectônicas verdadeiramente revolucionárias na geopolítica, na economia global, na esfera tecnológica, em todo o sistema de relações internacionais” são “fundamentais, cruciais e inexoráveis”, disse Putin no SPIEF.
“E é um erro sugerir que se pode esperar os tempos de mudança turbulenta e que as coisas voltem ao normal, que tudo seja como era.”
A Nova Ordem Mundial se foi com o vento, em outras palavras. Surgiram novos centros de poder, a ordem mundial unipolar não está voltando e o pensamento “colonial” fracassou.
Os povos do mundo falaram e rejeitaram os planos da Nova Ordem Mundial de transformá-los em gado ou “comedores inúteis”.
Como aconteceu essa grande mudança? É bem simples, de acordo com Putin. Em toda a sua arrogância, o Ocidente, liderado pela Nova Ordem Mundial, calculou mal sua resposta ao conflito na Ucrânia.
Quando os EUA e seus aliados lançaram a campanha para “cancelar” a Rússia por suas atividades na Ucrânia, eles esperavam quebrar e minar a economia e a sociedade russas.
As sanções, em vez disso, atingiram seus criadores, agravando problemas sociais e econômicos, elevando o custo de alimentos, eletricidade e combustível e prejudicando a qualidade de vida em todo o Ocidente, mas especialmente na Europa e nos EUA.
“A União Europeia perdeu completamente sua soberania política, e suas elites burocráticas estão dançando ao som de outra pessoa, aceitando tudo o que lhes é dito de cima, causando danos à sua própria população e à sua própria economia”, disse Putin.
Os cidadãos da UE pagarão o preço por “decisões divorciadas da realidade e tomadas contra o senso comum”, acrescentou, já que as perdas diretas das sanções podem ultrapassar US$ 400 bilhões em um ano.
Culpar a Rússia pelos altos preços da energia e pela inflação no Ocidente – “aumento de preço de Putin”, como disse a Casa Branca – é uma “estupidez” e “projetado para pessoas que não sabem ler nem escrever”, disse o presidente russo.
“Não nos culpem, culpem a si mesmos”, disse Putin.
Putin argumentou ainda que, se houver escassez de alimentos em todo o mundo, o dedo da culpa estará apontando diretamente para os líderes ocidentais.
A UE “acreditando cegamente em fontes renováveis” e abandonando os contratos de longo prazo de gás natural com a Rússia levaram ao aumento dos preços da energia no ano passado, segundo o líder russo.
Enquanto isso, tanto os EUA quanto a UE abordaram a pandemia de Covid-19 imprimindo trilhões de dólares e euros.
As sanções dos EUA e da UE contra a Rússia – em particular as exportações de fertilizantes e grãos – são uma das razões para a crescente insegurança alimentar global, destacou Putin.
Se houver fome nos países mais pobres do mundo, “isso dependerá inteiramente da consciência do governo dos EUA e da burocracia europeia”.
Os problemas de abastecimento de alimentos surgiram nos últimos anos – não meses – devido às “ações míopes daqueles que estão acostumados a resolver seus problemas às custas de outrem”, distorcendo os fluxos comerciais ao imprimir dinheiro em uma espécie de “política colonial predatória”, disse Putin.
A Rússia está pronta para enviar alimentos para a África e o Oriente Médio, onde a ameaça da fome é mais aguda, mas enfrenta obstáculos “logísticos, financeiros, de transporte” impostos pelo Ocidente, disse ele.