Síndrome de Longa Duração da COVID é um distúrbio emergente que afeta de 50% a 70% dos sobreviventes da COVID-19.
Um estudo liderado pelo conceituado Dr. Giustina Andrea, do Instituto de Ciências Endócrinas e Metabólicas da Università Vita-Salute San Raffaele, em Milão, Itália, revelou uma possível associação entre baixos níveis de vitamina D e a Síndrome de Longa Duração da COVID em sobreviventes da doença.
Publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a pesquisa revela que Síndrome de Longa Duração da COVID é um distúrbio emergente que afeta de 50% a 70% dos sobreviventes da COVID-19 e que ainda carece de fatores preditivos para sua ocorrência.
Com o objetivo de explorar os efeitos extrasqueléticos da vitamina D, os pesquisadores realizaram uma análise retrospectiva para avaliar a associação entre os níveis de 25(OH) vitamina D e a Síndrome de Longa Duração da COVID em sobreviventes da doença, seis meses após a hospitalização.
O estudo contou com a participação de 50 indivíduos com Síndrome de Longa Duração da COVID e 50 indivíduos sem a síndrome, selecionados com base em critérios de correspondência. Esses indivíduos foram recrutados de uma clínica ambulatorial que atendia a uma coorte pós-COVID entre agosto e novembro de 2020. Critérios de exclusão incluíram terapias/comorbidades que afetam o metabolismo de cálcio/vitamina D/osso e/ou internação em unidade de terapia intensiva durante a hospitalização. Os níveis de 25(OH) vitamina D foram medidos no momento da admissão hospitalar e seis meses após a alta.
Os resultados revelaram níveis mais baixos de 25(OH) vitamina D em indivíduos com Síndrome de Longa Duração da COVID em comparação com aqueles sem a síndrome (20,1 vs. 23,2 ng/mL). Em relação às áreas de saúde afetadas na coorte inteira, os pesquisadores observaram níveis mais baixos de 25(OH) vitamina D em indivíduos com sintomas neurocognitivos no acompanhamento em comparação com aqueles sem esses sintomas (14,6 vs. 20,6 ng/mL). Nos pacientes que apresentavam deficiência de vitamina D (<20 ng/mL) tanto na admissão quanto no acompanhamento, aqueles afetados pela Síndrome de Longa Duração da COVID apresentaram níveis mais baixos de 25(OH) vitamina D no acompanhamento em comparação com aqueles não afetados (12,7 vs. 15,2 ng/mL). Nas análises de regressão múltipla, os níveis mais baixos de 25(OH) vitamina D no acompanhamento foram a única variável significativamente associada à Síndrome de Longa Duração da COVID na coorte.
“Estudos anteriores sobre o papel da vitamina D na COVID longa não foram conclusivos principalmente devido a muitos fatores de confusão. A natureza altamente controlada de nosso estudo nos ajuda a entender melhor o papel da deficiência de vitamina D na COVID longa e estabelecer que provavelmente existe uma ligação entre a deficiência de vitamina D e a COVID longa”, afirmou o professor Giustina Andrea.
Em conclusão, os sobreviventes da COVID-19 com Síndrome de Longa Duração da COVID apresentam níveis mais baixos de 25(OH) vitamina D em comparação com pacientes sem a síndrome. Esses dados sugerem que os níveis de vitamina D devem ser avaliados em pacientes com COVID-19 após a alta hospitalar. O papel da suplementação de vitamina D como estratégia preventiva para sequelas da COVID-19 deve ser testado.
Quem já usa
“A gente percebeu que os pacientes que tinham níveis de vitamina D mais elevados evoluíam com menos sintomas daquilo que a gente chamava de pós-Covid, que agora é Covid longa”, afirmou o Dr. Francisco Cardoso, médico infectologista com larga experiência no tratamento COVID e COVID longa. “Vários estudos vem mostrando a importância da vitamina D. Uso em 100% dos pacientes”.
“Não tem motivo para não suplementarmos depois de tantos estudos. Em dose adequada, conforme indicado em bula, de acordo com função renal, faixa etária, peso do paciente e necessidade clínica. Não é ético deixar alguém em carência de vitamina D”, afirmou a Dra. Michele Chechter, autora de estudos contra a COVID-19.
Fonte
Low Vitamin D Levels Are Associated With Long COVID Syndrome in COVID-19 Survivors