- Pesquisas sugerem que a saúde intestinal e a função cerebral estão relacionadas, com mudanças na dieta potencialmente influenciando o TEA.
- Alguns estudos indicam melhorias na hiperatividade, comportamentos repetitivos e comunicação social com a suplementação de ômega-3.
- Ácido folínico, vitamina A e vitamina D demonstraram benefícios potenciais, mas mais pesquisas são necessárias.
- Algumas descobertas sugerem benefícios de probióticos e dietas especializadas, mas os resultados permanecem inconsistentes e a adesão pode ser desafiadora.
- Nutrição personalizada é o futuro. Cientistas estão explorando maneiras de prever quais crianças podem se beneficiar de intervenções específicas, caminhando em direção a tratamentos de ASD mais personalizados.
Pesquisas crescentes sugerem que dieta e nutrição podem desempenhar um papel no gerenciamento de alguns sintomas de TEA. Uma revisão de ensaios clínicos recentes em Research in Autism Disorders em abril de 2024 examina as últimas descobertas científicas sobre intervenções dietéticas, esclarecendo se estratégias nutricionais podem dar suporte a crianças com autismo.
A conexão entre dieta e função cerebral há muito tempo intriga cientistas, particularmente sobre TEA. Um foco importante é o eixo intestino-cérebro – uma rede de comunicação complexa que liga o sistema digestivo e o cérebro. Pesquisas indicam que interrupções nas bactérias intestinais e estresse oxidativo podem contribuir para os sintomas do TEA. Ao modificar a dieta ou adicionar nutrientes especiais, alguns cientistas acreditam que pode ser possível influenciar a função cerebral e o comportamento em crianças com TEA.
A revisão analisou 26 estudos clínicos conduzidos entre 2018 e 2023, avaliando diferentes intervenções dietéticas, incluindo dietas especializadas, suplementação de vitaminas e minerais, probióticos e ácidos graxos ômega-3. Embora as descobertas variem, algumas intervenções parecem mostrar benefícios potenciais.
Uma abordagem amplamente estudada é a dieta sem glúten e sem caseína (GFCF), que elimina trigo e laticínios. Embora nenhuma melhora definitiva tenha sido observada quando essa dieta foi usada sozinha, alguns estudos sugerem que combiná-la com suplementos como vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais pode melhorar os resultados cognitivos e comportamentais em crianças com TEA.
Ácidos graxos ômega-3 – gorduras saudáveis encontradas no óleo de peixe – se destacaram na revisão por seu papel potencial na melhora dos sintomas do TEA. Alguns estudos associam a suplementação de ômega-3 à redução da hiperatividade, comportamentos repetitivos e melhora da comunicação social. Cientistas acreditam que ômega-3 pode dar suporte à função cerebral reduzindo a inflamação e melhorando a conectividade neural, mas estudos maiores e de longo prazo são necessários para confirmar esses efeitos.
Vitaminas também surgiram como uma área potencial de interesse. A suplementação de vitamina A foi associada ao aumento da responsividade social, enquanto a vitamina D foi associada à diminuição da hiperatividade e irritabilidade.
A revisão destaca que, embora essas descobertas sejam promissoras, as evidências permanecem inconclusivas devido ao pequeno tamanho das amostras e à variabilidade nos desenhos dos estudos.
O ácido folínico, uma forma biologicamente ativa de folato, demonstrou uma promessa significativa em melhorar a comunicação verbal e as habilidades sociais em crianças com TEA. Pesquisadores suspeitam que o ácido folínico apoia as vias neurais envolvidas no desenvolvimento da linguagem, potencialmente beneficiando aqueles com atrasos na fala.
Pesquisas recentes lideradas pelo Dr. Richard Frye, um neurologista pediátrico do Arizona, destacaram o potencial da leucovorina (uma forma farmacêutica de ácido folínico) na melhora dos sintomas relacionados ao autismo – mais notavelmente, permitindo que algumas crianças não verbais desenvolvam a fala. A leucovorina é particularmente eficaz no tratamento da deficiência cerebral de folato (CFD), uma condição ligada ao TEA, contornando o bloqueio causado pelos autoanticorpos do receptor de folato.
Sulforafano, um composto encontrado em brotos de brócolis, também atraiu interesse científico. Alguns estudos sugerem que ele pode ajudar a aliviar os sintomas relacionados ao TEA ao mirar o estresse oxidativo e a inflamação – dois fatores que se acredita contribuírem para o transtorno. Embora as primeiras descobertas indiquem melhorias comportamentais, a suplementação de sulforafano continua sendo uma área que requer mais estudos para estabelecer a segurança e a eficácia a longo prazo.
Probióticos e prebióticos – suplementos que apoiam a saúde intestinal – têm sido explorados como uma forma de aliviar problemas digestivos e sintomas comportamentais em crianças com TEA. Alguns estudos relatam melhorias na gravidade do autismo e na saúde gastrointestinal, sugerindo que um equilíbrio no microbioma intestinal pode desempenhar um papel nos sintomas do TEA. No entanto, outros ensaios de alta qualidade encontraram poucos ou nenhum benefício significativo, destacando a necessidade de mais pesquisas antes
Desafios das intervenções nutricionais
Embora essas descobertas sejam encorajadoras, a revisão também destaca os desafios das intervenções dietéticas. O TEA é uma condição altamente variável, o que significa que o que funciona para uma criança pode não funcionar para outra. Diferenças na genética, saúde intestinal e metabolismo podem influenciar como uma criança responde a uma dieta ou suplemento específico.
Outro desafio é a adesão. Muitas dietas amigáveis ao TEA, como a dieta GFCF ou a dieta cetogênica, exigem grandes mudanças no estilo de vida e planejamento cuidadoso das refeições, o que pode ser difícil para as famílias manterem. Sensibilidades sensoriais, preferências alimentares e dificuldades comportamentais muitas vezes tornam as restrições alimentares ainda mais desafiadoras para crianças com TEA.
A revisão ressalta a necessidade de uma abordagem mais personalizada para intervenção nutricional. Avanços em aprendizado de máquina e pesquisa de biomarcadores podem eventualmente permitir que os clínicos prevejam quais crianças têm mais probabilidade de se beneficiar de mudanças ou suplementos alimentares específicos. Por exemplo, um estudo publicado em Scientific Reports usou modelagem preditiva para identificar crianças que podem responder à suplementação de vitamina B6, abrindo caminho para tratamentos mais personalizados no futuro.
Especialistas concordam que, embora intervenções dietéticas sejam promissoras, elas não devem substituir terapias padrão para TEA, como terapia comportamental e fonoaudiológica. Em vez disso, a nutrição pode servir como uma abordagem complementar, potencialmente aumentando os efeitos de outros tratamentos.
Este campo de pesquisa em evolução sugere que, embora dieta e suplementos não sejam uma cura para o autismo, eles podem desempenhar um papel de suporte no gerenciamento dos sintomas. Pesquisas contínuas ajudarão a descobrir quais intervenções funcionam melhor e para quem, trazendo a ciência um passo mais perto de entender a natureza complexa do autismo.
Fonte: https://www.newstarget.com/2025-03-30-can-special-diets-supplements-help-kids-autism.html