A Merck manipulou os testes do Gardasil para ocultar danos, de acordo com um relatório recém-divulgado do médico dinamarquês Peter C. Gøtzsche, submetido a um tribunal americano.
Escrevendo sobre a análise especializada de Gøtzsche, Maryanne Damasi diz: “[Sua] análise forense… expõe uma narrativa assustadora de fraude em ensaios clínicos, falha regulatória e engano global.”
Em seu relatório, Gøtzsche afirmou que a Merck distorceu dados de ensaios clínicos, tornando os resultados cientificamente sem sentido, e manipulou o registro e o relato de eventos adversos para minimizar a aparência de danos.
Ele sugeriu que as ações da Merck constituem uma profunda violação da ética médica, com milhões de adolescentes e suas famílias potencialmente induzidos ao consentimento de uma vacina com riscos de segurança obscuros.
Documentos judiciais revelam que a Merck manipulou os julgamentos da Gardasil para ocultar danos
Por Maryanne Demasi, 7 de maio de 2025
No que pode se tornar um dos processos farmacêuticos mais explosivos da história dos EUA, Robi v Merck & Co, centrado na vacina Gardasil HPV, deve ser retomado em Los Angeles em setembro de 2025.
No centro do caso estão as alegações de que a Merck deturpou o perfil de segurança do Gardasil — alegações agora apoiadas por evidências poderosas.
Um relatório especializado recém-divulgado do médico dinamarquês e metodologista de pesquisa de renome mundial Peter C. Gøtzsche, apresentado como parte da moção pré-julgamento, sustenta as alegações contra a Merck.
Sua análise forense de 350 páginas — agora parte do registro oficial do tribunal — expõe uma narrativa assustadora de fraude em ensaios clínicos, falha regulatória e fraude global.
Segundo Gøtzsche, a Merck distorceu os dados de seus ensaios clínicos de forma tão completa que os resultados ficaram cientificamente sem sentido.

A avaliação de Gøtzsche é clara e inequívoca.
“Os ensaios patrocinados pela Merck não podem ser usados para avaliar adequadamente os danos das vacinas”, escreve ele, acrescentando que a empresa “desperdiçou a oportunidade de estudar legitimamente a segurança do Gardasil”.
Depois de examinar 112.000 páginas de documentos regulatórios, Gøtzsche concluiu que a Merck manipulou seus dados a tal ponto que seria “difícil, senão impossível” para qualquer cientista independente — ou mesmo reguladores governamentais — avaliar com precisão os danos da vacina.
Isso agora levanta a questão fundamental: milhões de adolescentes foram induzidos ao erro ao consentir com uma vacina cujos verdadeiros riscos de segurança foram deliberadamente ocultados?
Ensaios projetados para enganar
Desde o início, Gøtzsche argumenta que a Merck projetou seus testes clínicos não para detectar danos, mas para mascará-los.
Em vez de usar um placebo inerte — como solução salina, o padrão ouro em pesquisa clínica — a Merck usou um adjuvante à base de alumínio como controle em todos os ensaios, exceto dois pequenos.
Adjuvantes de alumínio são neurotoxinas conhecidas que desencadeiam respostas imunológicas e podem causar efeitos colaterais locais e sistêmicos por si só.
“É indefensável que a Merck tenha evitado comparar sua vacina com placebo”, escreve Gøtzsche.
Essa tática tinha um propósito claro: minimizar o aparecimento de efeitos adversos, garantindo que o grupo “controle” apresentaria efeitos colaterais semelhantes aos do grupo vacinado, fazendo com que a vacina parecesse mais segura em comparação.
Até mesmo a Organização Mundial da Saúde (“OMS”) alertou que usar um comparador ativo como um adjuvante em vez de um placebo verdadeiro “torna difícil avaliar os danos de uma vacina”.
Somente sob pressão dos órgãos reguladores a Merck conduziu dois pequenos ensaios clínicos utilizando um placebo salino. E esses dois ensaios – marcados com uma caixa vermelha abaixo – mostraram uma incidência significativamente maior de danos em comparação aos ensaios clínicos que utilizaram um adjuvante de alumínio ou uma vacina comparadora como “placebo”.

Em suma, a avaliação de Gøtzsche foi que esses julgamentos foram planejados para enganar.
Ocultando danos por meio da segmentação de dados
Além do design do estudo, Gøtzsche detalha como a Merck manipulou sistematicamente o registro e o relato de eventos adversos.
Os participantes foram monitorados quanto a danos por apenas 14 dias após cada dose da vacina – um período relativamente curto. Reações autoimunes e outros danos relacionados à vacina podem levar semanas ou meses para surgir, e às vezes anos para serem diagnosticados, como no caso de condições como a síndrome de taquicardia ortostática postural (“POTS”).
Se um evento adverso ocorresse fora dessa janela de 14 dias, ele não era contabilizado como um efeito relacionado à vacina, mas sim reclassificado como um “novo histórico médico”, ocultando qualquer conexão com a vacina.
“Ao chamar os eventos adversos de ‘novo histórico médico’, a Merck não apenas ocultou eventos adversos importantes, mas também sua gravidade”, explica Gøtzsche.
Reações que ocorreram fora do curto período de observação foram excluídas, a menos que fossem classificadas como graves — como risco de vida ou resultando em incapacidade, hospitalização ou danos permanentes — mas mesmo algumas dessas reações foram omitidas pela Merck de seus relatórios.
Como resultado, milhares de eventos adversos que poderiam ter revelado padrões de danos foram sistematicamente excluídos da análise final.
Não foi uma questão de simplesmente desviar o olhar da bola – foi uma estratégia calculada da Merck.
Os danos que desaparecem
Uma das seções mais marcantes do relatório de Gøtzsche diz respeito à forma como a Merck lidou com os resultados do Estudo P001, um dos maiores ensaios clínicos do Gardasil.
Neste estudo, mais de 14.000 participantes foram inscritos para comparar a vacina Gardasil original com sua versão mais recente, a Gardasil 9, que contém o dobro da quantidade de adjuvante e cinco antígenos de doenças a mais do que a Gardasil.
Os dados do estudo mostraram que 3,3% dos participantes que receberam Gardasil 9 apresentaram um evento adverso grave, em comparação com 2,6% daqueles que receberam a Gardasil original. A Merck descartou a diferença, classificando-a como “baixa e comparável”.
Mas a análise de Gøtzsche revelou que esse aumento era estatisticamente significativo. Ele calculou que para cada 141 pessoas vacinadas com Gardasil 9, uma sofreria um evento adverso grave – uma taxa que ele descreveu como “alarmante”.
Navegar pelos dados deste estudo não foi tarefa fácil. Gøtzsche descreve os documentos do estudo – com mais de 8.734 páginas – como densos, desorganizados e deliberadamente estruturados para obscurecer descobertas cruciais. “Resultados importantes podem facilmente passar despercebidos”, alerta.
Em sua opinião, a Merck não apenas deixou de investigar os danos causados pelas vacinas, como também construiu ativamente barreiras para escondê-los do escrutínio público.
Sinais de alerta pós-mercado ignorados
Após o lançamento do Gardasil no mercado global, começaram a surgir relatos de efeitos colaterais graves, principalmente casos envolvendo síndromes neurológicas como POTS e síndrome dolorosa regional complexa (“SDRC”).
Em vez de conduzir análises independentes, agências reguladoras como a Agência Europeia de Medicamentos (“EMA”) confiaram nas análises internas da Merck para avaliar se essas condições poderiam estar relacionadas à vacina.
No entanto, Gøtzsche destaca que as buscas no banco de dados da Merck eram definidas de forma restrita e mal construídas, garantindo efetivamente que muitos casos relevantes nem seriam capturados na busca por termos-chave.
“O relatório oficial da EMA não mencionou que as estratégias de busca usadas pelos fabricantes para pesquisar seus bancos de dados eram inadequadas e devem ter ignorado muitos casos”, escreve Gøtzsche.
Em vez de contestar essas análises deficientes, os reguladores as aceitaram como verdade absoluta. Gøtzsche chama isso pelo que realmente é: falha regulatória.
“É notável que os reguladores de medicamentos tenham aceitado os relatórios contraditórios, tendenciosos e enganosos da Merck, baseados em ensaios que já eram falhos por concepção”, diz ele.
A erosão do consentimento informado
Para Gøtzsche, essas questões vão além da mera má conduta científica – elas representam uma profunda violação da ética médica.
Os participantes dos testes foram enganados; disseram-lhes que estavam recebendo um placebo, quando, na verdade, receberam uma injeção de um adjuvante de alumínio. Também não foram informados adequadamente sobre a verdadeira extensão dos potenciais danos associados à vacina.
Sem uma divulgação honesta, argumenta Gøtzsche, o consentimento informado – a base da pesquisa clínica ética – foi negado.
Milhões de adolescentes e suas famílias tomaram decisões com base em dados de segurança incompletos, relatados seletivamente ou ativamente ocultados.
Isto não é apenas um escândalo científico. É uma traição à confiança pública.
Os reguladores não eram apenas passivos; eles eram cúmplices
O relatório de Gøtzsche também lança uma luz dura sobre as agências reguladoras encarregadas de proteger a saúde pública, incluindo a Food and Drug Administration (“FDA”) dos EUA e a EMA.
“É bem sabido que as agências reguladoras têm falta de pessoal, o que significa que é improvável que elas consigam realizar uma revisão completa dos dados da Merck conforme apresentados”, observa Gøtzsche.
Quando preocupações sobre a segurança do Gardasil levaram a uma revisão formal na Dinamarca em 2015, a EMA confiou amplamente nos dados enviados pela própria Merck para tranquilizar o público.
Mas enterrados profundamente nessas submissões estavam avisos que os reguladores não perceberam — ou escolheram ignorar.
Segundo Gøtzsche, isso não foi simplesmente uma falha de vigilância, mas refletiu uma falha sistêmica na supervisão regulatória.
Um acerto de contas para a saúde pública
O processo Robi v Merck pode marcar uma virada histórica na responsabilização farmacêutica. O caso não se refere apenas a uma vacina ou a uma empresa – trata-se dos mecanismos mais amplos pelos quais os medicamentos são testados, aprovados e comercializados em todo o mundo.
Se comprovada, a conduta da Merck não representaria apenas má conduta corporativa, mas um colapso nos sistemas projetados para proteger a saúde pública.
Os ensaios patrocinados pela Merck “não são confiáveis”, conclui Gøtzsche.
Essa conclusão simples, mas devastadora, pode repercutir muito além deste processo.
Se esse caso for bem-sucedido, poderá forçar uma avaliação há muito esperada — uma que restabeleça a transparência, a integridade científica e o direito de cada paciente de fazer uma escolha totalmente informada.
Por enquanto, uma questão urgente permanece: quantas pessoas foram prejudicadas porque a verdade foi escondida?
Sobre o autor
Maryanne Demasi é uma jornalista investigativa australiana e ex-apresentadora de televisão do programa Catalyst, da Australian Broadcasting Corporation (“ABC”). Ela é doutora em reumatologia pela Universidade de Adelaide e atuou em diversas funções, incluindo redatora de discursos e assessora política do Ministro da Ciência da Austrália do Sul. Ela também é autora e escreve para mídia online e periódicos médicos de primeira linha. Em 2023, foi nomeada Brownstone Fellow.
Fonte: https://expose-news.com/2025/05/09/court-documents-reveal/