Evocando a ameaça de uma guerra nuclear, o Papa advertiu que a humanidade, quem quer que fosse, teria que começar tudo de novo no “dia seguinte”.
Ele disse que no caso de tal “catástrofe final” a humanidade teria que “começar do zero”.
Falando durante seu discurso semanal na quarta-feira, o Papa Francisco disse que o progresso tecnológico “extraordinário” e “um futuro cheio de máquinas” justificam algum otimismo, mas observou que a humanidade ainda pode seguir outro caminho.
“Por outro lado, nossa imaginação parece cada vez mais concentrada na representação de uma catástrofe final que nos extinguirá. O que acontece com uma eventual guerra nuclear”, disse ele. “O ‘dia depois’ disso – se ainda houver dias e seres humanos – terão que recomeçar do zero. Destruindo tudo para recomeçar do zero.”
Francisco de 85 anos dedicou seu discurso em sua audiência geral semanal ao envelhecimento e corrupção na sociedade, contando a história bíblica do Grande Dilúvio que Deus usou para punir uma humanidade pecadora e corrupta e que somente Noé e sua família sobreviveu.
“No dia seguinte, se ainda houver dias e seres humanos, teremos que recomeçar do nada”, disse ele, sem mencionar especificamente a guerra da Ucrânia naquela parte da audiência, realizada diante de milhares de pessoas dentro do Vaticano.
Minutos depois, porém, baixou a voz e, em tom sombrio, leu uma oração sobre a guerra na Ucrânia escrita por um arcebispo italiano.
“Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, imploramos que pare a mão de Caim”, disse ele, referindo-se ao personagem bíblico que se voltou contra seu próprio irmão, atacando-o e matando-o.
Francisco, que já havia chamado a guerra de “agressão armada inaceitável”, não citou nenhum país na quarta-feira.
A oração continuou, dizendo: “Quando você (Deus) tiver parado a mão de Caim, cuide dele também. Ele é nosso irmão.”
Moscou diz que sua ação é projetada não para ocupar território, mas para desmilitarizar e “desnazificar” seu vizinho.
A Rússia chama sua ação de “operação militar especial”. Anteriormente, Francisco rejeitou implicitamente esse termo, dizendo que não poderia ser considerado “apenas uma operação militar”, mas uma guerra que desencadeou “rios de sangue e lágrimas”.