O Papa Francisco apelou à humanidade para formar um governo global para lidar com as ameaças existenciais que a humanidade enfrenta, incluindo as “mudanças climáticas” e a disparidade econômica, durante sua Mensagem de Paz anual para 1º de janeiro de 2025.
As ameaças existenciais que o mundo enfrenta não podem ser enfrentadas apenas por nações soberanas porque os problemas são sistêmicos e interconectados, afirma o papa, e, portanto, devem ser abordados por um governo global.
“Desafios sistêmicos, distintos, mas interligados, são assim criados e juntos causam estragos em nosso mundo”, afirma o pontífice em sua mensagem para o 58º Dia Mundial da Paz.
The Pope has just opened the first portal on Christmas day! 👀 pic.twitter.com/Z5McDoiQzw
— FLAT OUT TRUTH (@TheFlatEartherr) December 25, 2024
“Penso, em particular, em todos os tipos de disparidades, no tratamento desumano dispensado aos migrantes, na degradação ambiental, na confusão criada intencionalmente pela desinformação, na recusa em se envolver em qualquer forma de diálogo e nos imensos recursos gastos na indústria da guerra.”
Tudo isso, em conjunto, ele insiste, “representa uma ameaça à existência da humanidade como um todo”.
“Cada um de nós deve sentir-se de alguma forma responsável pela devastação a que a Terra, nossa casa comum, foi submetida, começando por aquelas ações que, ainda que indiretamente, alimentam os conflitos que atualmente assolam nossa família humana”, declarou o pontífice.
“Atos esporádicos de filantropia não são suficientes”, ele insiste. “Mudanças culturais e estruturais são necessárias, para que mudanças duradouras possam ocorrer.”
Durante anos, o Papa Francisco argumentou que a humanidade precisa de uma “grande reinicialização” para criar uma nova economia global e autoridade política, especialmente após a pandemia do coronavírus.
“Seremos capazes de regenerar a sociedade e não retornar à chamada ‘normalidade’, que é uma normalidade doentia, na verdade, que já estava doentia antes da pandemia: a pandemia a evidenciou!”, disse ele em 2020, acrescentando que a velha normalidade “estava doente de injustiça, desigualdade e degradação ambiental”.
Em um artigo de opinião para o New York Times no mesmo ano, o papa afirmou que este “é um momento para sonhar alto, para repensar nossas prioridades — o que valorizamos, o que queremos, o que buscamos — e para nos comprometermos a agir em nossa vida diária com base no que sonhamos”.
“Deus nos pede para ousar criar algo novo”, ele declarou. “Não podemos retornar às falsas seguranças dos sistemas políticos e econômicos que tínhamos antes da crise. Precisamos de economias que deem a todos acesso aos frutos da criação, às necessidades básicas da vida: à terra, à moradia e ao trabalho.”
“Precisamos desacelerar, fazer um balanço e projetar melhores maneiras de viver juntos nesta Terra”, ele propôs.
O Fórum Econômico Mundial em Davos acolheu o que viu como o endosso do papa ao seu programa “Great Reset”, destacando as semelhanças entre suas visões.
Em um artigo intitulado “Aqui está a prescrição do papa para redefinir a economia global em resposta à COVID-19”, o Fórum Econômico Mundial declarou que Francisco havia “colocado sua marca nos esforços para moldar o que foi denominado uma Grande Reinicialização da economia global em resposta à devastação da COVID-19”.
“O Papa Francisco emitiu uma acusação contundente ao neoliberalismo”, observou o FEM, “uma filosofia que defende austeridade, privatização, desregulamentação, mercados desenfreados e leis trabalhistas relativamente fracas”.
Além disso, o papa “culpa o ‘dogma’ da economia neoliberal por nos tornar mais vulneráveis à COVID-19”, afirmou, ao mesmo tempo em que pedia “maior cooperação multilateral e foco na dignidade humana”.